HEBRENGLISH, QUE LÍNGUA É ESSA?
Alguns imigrantes chegam a Israel "arranhando" o hebraico, outros fluentes, e há os que ainda vão começar o estudo, que buscam cursos, alternativas, professores. No meu caso, uma imigrante "ioiô", aquela que já veio, voltou ao Brasil, e retornou mais de uma vez, com o hebraico bem básico de colégio judaico no Rio de Janeiro, e mais o assimilado nos períodos em que aqui estive, entendo ser fundamental integrar esse idioma, parte da cultura, para se viver aqui. Mas, entre várias tentativas de cursos que se mostraram entediantes, percebo que o domínio de um idioma vai muito além do desejo e da motivação para falar com as pessoas. Há momentos em que a sensação de querer se expressar e não saírem as palavras, simplesmente porque não as conheço, é muito frustrante e me faz sentir como um peixe fora d'água deve se sentir, se debatendo em vão.
Como cresci ouvindo a mistura de português com idish, arte que minha família dominava, principalmente quando não queriam que as crianças compreendessem as conversas de adultos, passei a usar o mesmo método, desta vez com o inglês. Esse jogo, além de divertido, está me ensinando a supor, até entender do que se trata a conversa. E se antes conversas se limitavam a uns cinquenta por cento compreendidos, e os outros cinquenta por cento por conta da imaginação, agora para poder falar, utilizo o hebrenglish. Outra vida! É uma solução provisória, porque o importante é se relacionar e se fazer entender. Eu rio, e me movimento falando ora em hebraico, e complementando em inglês, às vezes até com mímicas, já que a aprendizagem pode levar tempo, pelo menos no meu caso. Essa mistura pede por um tipo de atenção interessante para dar conta da mudança veloz de idiomas, mas se as pessoas com quem falamos entrarem no jogo, dá certo. Atender telefonemas já é um pouco mais complicado, já que requer certa intimidade. Assim como entender o noticiário, porque não temos acesso à fonte das informações, a TV ou a Internet, para pedir que falem mais devagar. Paciência, isso faz parte do treino.
Agora, como a vivência de analfabetismo me incomoda demais, prossigo estudando, fazendo exercícios, vencendo lentamente as resistências à concentração necessária. Também tenho trabalhado com meu nível de exigência, e sem resmungar (muito), vou aceitando que é preciso um bocado de energia para mergulhar em verbos, e gramática, a essa altura do campeonato. Enquanto esse processo vai evoluindo, nada de errado em respeitar os próprios limites e deixar que o "hebrenglish" flua, porque como já dizia Chacrinha, o Velho Guerreiro, quem não se comunica, se trumbica.
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